quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Capítulo Quatro.



Tentei soltar-me de alguma forma, mas não conseguia. Comecei a mexer-me mais na esperança de conseguir sair dali, mas era inútil. - SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDE! SOCORRO! - Gritei, na esperança que alguém me ouvisse e me tirasse dali. Senti os meus olhos a encherem-se de lágrimas no meio de todo aquele desespero e pânico. Eu estava aterrorizada, presa à minha própria cama com umas cordas bem apertadas aos meus punhos e tornozelos. Quanto mais me mexia, mais me doía. Eu bem podia ficar ali a gritar feita maluca, mas não me ia valer de nada. Se eu não tivesse deixado as persianas abertas, o meu quarto estaria completamente escuro, mas felizmente não estava, devido à claridade do luar que invadia o meu quarto. Tentei sair dali uma vez mais e voltei a pedir socorro, e foi então que vi uma sombra escura a passar rapidamente por ali, o que me assustou. Fiquei quieta de imediato e levantei melhor a cabeça para tentar ver alguma coisa, mas aquilo, ou aquela pessoa pôs-se no canto mais escuro do quarto, evitando que eu conseguisse ver. Mas segundos depois aproximou-se de mim, devagar, e eu consegui ver quem era. Naquele momento não sabia se havia de estar aliviada, ou com mais medo ainda. Fiquei calada a olhar.
 - Não grites, não faças mais barulho, por favor. Eu vou tirar-te daqui. - Murmurou ao meu ouvido, dando depois um leve beijo na minha bochecha direita. Rapidamente retirou uma adaga da sua devida protecção e coldre, cortando as cordas que me amarravam à cama com imensa força. Ajudou-me então a levantar-me, mas o meu corpo acabou por ceder. Pegou em mim ao colo, colocando-me depois no seu ombro, agarrando apenas as minhas pernas com muita força. Mas parecia que nem sequer se estava a esforçar. Fechei os olhos para não ter de ver se alguém ia atrás de nós e mal dei por mim já estava noutro local. Parecia que tinham passado apenas meros segundos... Fiquei tão confusa, sem perceber nada do que estava a passar. Pousou-me então no chão e agarrou o meu rosto. - Como te sentes? - Perguntou baixinho, olhando-me nos olhos.
 - Confusa. Meio tonta. Algo fraca. - Encolhi os ombros e suspirei, olhando depois ao meu redor. - Onde que é que estamos? - Questionei curiosa, tentando descobrir por mim mesma. De certa forma parecia-me algo familiar, que eu já tinha visto, mas talvez não desta forma. Olhei-o e esperei uma resposta.
 - No Anexo da casa, nas traseiras. - Respondeu calmamente, deixando-me caminhar por ali. 
 - Ah... O que é que aconteceu? Como é que foste lá ter? Como é que viemos tão depressa até aqui?! - Perguntei rapidamente, virando-me e aproximando-me.
 - Tu tens de descansar agora. Tenta não pensar muito nisso. - Pediu, pegando depois na minha mão e levando-me até ao sofá. Depois sentou-se e eu acabei por me deitar, pousando a cabeça no seu colo. - Precisas de dormir agora. - Murmurou, mexendo nos meus cabelos.
 - Mas, e se voltarem? - Perguntei a medo, fechando os olhos.
 - Não vem ninguém para aqui. Confia. - Falou baixinho, continuando a mexer calmamente no meu cabelo. Acabei por adormecer meio aninhada naquele sofá pouco depois.

Os raios de sol aqueciam a pele descoberta do meu corpo. Acordei lentamente e abri os olhos, olhando em redor. Estava no meu quarto, estava tudo normal. Estava deitada debaixo do lençol e cobertores, e com uma camisa de dormir curta vestida. Mas, eu estava vestida, deitada num sofá, num suposto anexo da casa... Como é que vim aqui parar? E como estou vestida com uma camisa de dormir?
Persephone abriu a porta depois de bater duas vezes à mesma e entrou, aproximando-se da cama calmamente.
 - Bom dia, menina. Está tudo bem? Como já são dez e meia e ainda não tinha descido, eu preparei-lhe um pequeno-almoço e trouxe-lho. - Afirmou, pousando o tabuleiro no meu colo depois de me sentar na cama.
 - Ahm, sim está tudo bem. Muito obrigado por me ter trazido a comida. Já agora... Aconteceu alguma coisa cá em casa ontem à noite? - Perguntei curiosa, observando a sua expreessão, que mais uma vez estava tão confusa quanto eu ontem à noite.
 - Não, menina. Não aconteceu absolutamente nada... Eu e Uther dormimos muito bem toda a noite e não ouvimos nada de especial. - Disse logo de seguida, muito séria. Depois abanou a cabeça como se acontecer alguma naquela casa fosse algum disparate. Suspirei e mordi o lábio nervosamente. - Bem, se não se importa eu vou para a cozinha, tenho de ir adiantando o almoço. Se precisar de alguma coisa é só chamar. - Afirmou, esboçando-me um doce sorriso. Depois de eu assentir ela ajeitou a sua roupa e saiu depois.

Pousei o tabuleiro na cama e saí da mesma, indo a passo acelerado para a casa de banho. Fechei a porta e encostei as costas à mesma, deixando-me escorregar até ficar sentada no chão. Encostei a testa nos joelhos e assim fiquei, tentando acalmar-me. Por alguma razão, eu sentia-me assim, nervosa, ansiosa e com algum medo.
Senti algo a tocar-me e ergui logo o rosto.
 - Ah, Elijah... Que susto. 
 - Desculpa, não te queria assustar. Como estás? - Perguntou, mexendo cuidadosamente no meu cabelo.
 - Com medo. Nervosa, ansiosa... Estou tão confusa, Elijah. - Quase murmurei, encarando-o.
 - Eu já não te tinha pedido para tentares não pensar nisso? Eu sei que é complicado, mas pelo menos tenta. E por favor, não perguntes por mim a ninguém. - Disse-me, num tom muito sério e expressão a condizer.
 - Porquê? E como me encontraste ontem? Como é que...? - As minhas perguntas foram interrompidas quando ele colocou o seu dedo indicador sobre os meus lábios, ao de leve. Eu estremeci ligeiramente e olhei-o nos olhos.
 - Não faças perguntas. Não tentes saber, não investigues. Quanto mais souberes, pior será. - Aconselhou, sem desviar o olhar. Eu suspirei pesadamente e desviei o olhar, baixando o rosto.
 - Obrigado pelo que fez por mim a noite passada, Elijah - Disse baixinho, sem o conseguir encarar.
Elijah segurou o meu rosto com ambas as mãos e fez-me olhá-lo nos olhos. Lentamente, aproximou os seus lábios dos meus e um segundo depois, os seus lábios tocaram os meus e eu beijei-o calmamente, levando as minhas mãos a segurarem o seu rosto de igual forma. Elijah puxou-me para si durante a troca de beijos que era cada vez mais intensa. Ele acabou por se deitar no chão e eu caí sobre ele, enquanto a nossa sessão de beijos ainda durava.. - Elijah... - Sussurrei, numa tentativa de parar com aquilo, mas ao invés disso despi a sua camisa de linho de forma rápida e desajeitada.
 - Shh. - Ordenou, segurando as minhas mãos com força depois de eu lhe despir a camisa. Rolámos pelo chão e ele segurou nos meus punhos, acima da minha cabeça e só com a mão esquerda, com força suficiente para que eu não me conseguisse soltar. Voltou a beijar-me intensamente, descendo depois até ao pescoço.